Na época, centenas de animais mortos foram levados pelo rio Pará até a praia de Vila do Conde, onde ficaram encalhados na areia — Foto: Divulgação
O governo federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro, contratou a empresa Superpesa por R44,6 milhões para retirar o navio Haidar, que afundou em 2015 próximo a Barcarena (PA), com mais de 4.900 bois vivos. A empresa recebeu R$ 18,1 milhões entre 2020 e 2021, mas a embarcação permanece submersa no rio Pará, 10 anos depois, com parte do casco ainda visível.
Falhas no contrato e multa à empresa
O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) multou, em dezembro de 2022, a Superpesa em R$ 1 milhão e suspendeu-a de licitações por dois meses, alegando descumprimento contratual e método inadequado para a remoção. A empresa, que estava em recuperação judicial, não conseguiu “verticalizar” o navio – etapa essencial para o arraste.
Uma nova licitação está em andamento pelo Ministério de Portos e Aeroportos, agora sob o governo Lula, para concluir o serviço. A CDP (Companhia Docas do Pará), responsável pela istração portuária, afirmou que não gerenciava o contrato e que ações para resolver o caso estão previstas para 2025.
Impactos ambientais e ações judiciais
O naufrágio causou vazamento de óleo diesel e a morte da maioria dos animais, cujas carcaças contaminaram rios, praias e ilhas da região. Em 2018, um acordo na Justiça Federal garantiu R$ 10,65 milhões em indenizações, pagos pela Minerva Foods (exportadora dos bois), operadores do navio e CDP.
Porém, uma ação na Justiça inglesa, movida em 2020, pede £108 milhões (cerca de R$ 810 milhões) para 18 mil pessoas, incluindo pescadores e ribeirinhos afetados. A Minerva alega que a responsabilidade pela remoção é da CDP e da empresa de transporte, mas afirma ter cumprido sua parte no acordo brasileiro.
Empresas se isentam de responsabilidade
A Superpesa não se manifestou sobre as falhas no serviço. CDP diz que o contrato era de responsabilidade do Ministério de Portos (então comandado por Tarcísio de Freitas, atual governador de SP, que não comentou o caso). A Minerva Foods afirma que parou de exportar gado vivo e que monitora a água para reduzir danos ambientais.
O caso, quase uma década depois, ainda aguarda uma solução definitiva, enquanto comunidades locais sofrem os impactos do desastre.
Com informações da Folha de S. Paulo