Região da Margem Equatorial — Foto: Reprodução / Google maps

Por Edmilson Rodrigues

Em 2023, antes da COP-28, em Dubai, assinei a Declaração de Belém a favor de um Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis. Agora quando nos aproximamos da COP-30, em Belém, tive a honra de ser um dos primeiros a o manifesto “A Margem Equatorial e o Suicídio Ecológico do Brasil”, lançado a poucos dias por reconhecidos cientistas, ambientalistas e inclusive bispos católicos de toda Amazônia e do Brasil.

Ambos são documentos, que diante da catástrofe ambiental e climática que se agrava a olhos vistos, advogam uma Amazônia livre da exploração de combustíveis fósseis. Tratam-se de documentos baseados em reconhecida produção científica mundial, que comprovam, sem contestação, que a floresta amazônica, um ecossistema frágil e historicamente agredido, não pode ser submetida a novos agravos e riscos.

Corroborando este entendimento temos o parecer do IBAMA, órgão do estado brasileiro encarregado de conceder as licenças ambientais, que após rigoroso exame de estudos de impactos ambientais, alerta para os riscos ambientais da perfuração petroleira na margem equatorial do Amazonas. Seus técnicos, com dignidade, tem mantido esta posição apesar de todas as pressões políticas.

No momento em que se forma um consenso mundial a favor de uma transição energética para o planeta, não é razoável pensar que transitaremos do mundo governado pelo petróleo, carvão e gás para outro sustentado por energias renováveis, extraindo ainda mais petróleo da natureza. Igualmente é falso pensar que um desenvolvimento favorável aos povos da Amazônia é aquele vinculado à destruição da floresta. Pelo contrário, para toda população amazônida, inclusive os habitantes das cidades, que igualmente sofrem os efeitos da crise climática, o caminho de um desenvolvimento sustentável, equilibrado e justo a por processos econômicos harmoniosos com a Natureza. E o Brasil tem potencial energético e fontes renováveis que torna ainda mais absurda essa sanha por fontes fósseis.

Espero que o Brasil, às vésperas da Conferencia Mundial das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, recuse-se a participar da farsa de que o consumo de combustíveis fósseis é condição de desenvolvimento e assuma a liderança mundial entre os povos e países que buscam soluções reais para o futuro da Humanidade.

Edmilson Rodrigues, é Doutor em Geografia e Professor da Ufra

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