créditos: Rádio Murukutu/ Instituto Idade Mídia
Moradores da Comunidade Nossa Senhora dos Navegantes do rio Aurá, localizada na área do antigo lixão do Aurá, realizaram nesta quinta-feira (24), um ato que bloqueou os trabalhos de construção da Avenida Liberdade, uma obra do governo do Pará que inclui a implementação de via que liga Belém à Marituba, iniciando nas proximidades da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), ando pelo entroncamento da Rodovia Alça Viária, em Marituba, e cortando a Área de Proteção Ambiental (APA) Metropolitana de Belém, que protege os mananciais Água Preta e Bolonha, e o Quilombo do Abacatal, em Ananindeua.
O projeto faz parte de um pacote de obras de mobilidade urbana anunciadas pelo governo do Estado, que preparam Belém para a recepção da Cop-30, e, em contradição aos objetivos do evento climático da ONU, destrói parcialmente e afeta crucialmente a vida em uma das últimas áreas verdes da região metropolitana de Belém.
Assim como ocorre com a construção de outra avenida, na rua da Marinha, localizada à área da reserva ambiental da Marinha no bairro da Marambaia, não houve Consulta Livre, Prévia e Informada, prevista em tratados internacionais e reconhecida no âmbito nacional, que determina participação contínua das comunidades afetadas no planejamento, execução e monitoramento.
Dona Diana dos S. A. é liderança da comunidade Ribeirinha Nossa Senhora dos Navegantes, e esteve no ato que paralisou as obras da Avenida Liberdade, denominado pelos organizadores de Ação Popular por Justiça Climática e Socioambiental. Ela relata a ausência de diálogo com a comunidade diretamente afetada pelas obras, por parte do governo do estado, enfatizando problemas como resíduos deixados pela obra e falta de água encanada.
“Interditar até que o governo do estado dê uma resposta pra gente, porque até agora nós estamos sem água potável, nós estamos sem aquilo que eles prometeram pra gente. Então, a gente ‘não pode ficar’, porque nós já estamos recebendo já o resíduo que tá descendo daí. Em uma enxurrada nós vamos receber esse resíduo. (…) Nós não conseguimos falar com eles, pra sentar conosco e dar uma resposta, nós não tivemos essa resposta. Então é por isso que nós estamos hoje ‘se mobilizando’ aqui, pra interditar isso aqui, até que eles deem uma resposta pra gente”, disse a integrante da Associação de Moradores da comunidade.
Em outro vídeo produzido pela Rádio Murukutu do Instituto Idade Mídia, é possível ver os moradores explicando a motivação do protesto à oficiais da Polícia Militar, que chegaram ao local com viaturas.
Segundo o morador, a obra está impactando diretamente o igarapé conhecido como Lagoa do Jacaré. “Nós fizemos a reivindicação porque até agora, a obra iniciou, já tá na beira do nosso igarapé, o nosso igarapé tá totalmente impactado e não foi dada nenhuma solução ‘pra nós’. Então, a única solução que nós achamos foi vir aqui, tentar conversar. (…) Então nós resolvemos parar o trabalho aqui”, diz o morador.
Segundo informações da Rádio Ribeirinha Murukutu, até o momento, as obras continuam paralisadas e aguardam reunião que acontecerá na próxima segunda-feira (28) na escola da Comunidade Nossa Senhora dos Navegantes.
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Edição Juçara Abe
O Governo do Estado tem prejudicado o meio ambiente com obras que ao invés de proteger esta destruindo a fauna e flora de nosso estado!!!