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No município de Brasil Novo, sudoeste paraense, o atual prefeito Weder Makes Carneiro (MDB), foi reeleito com 12 mil votos e R$ 5,5 milhões em multas ambientais. Ele é apenas um dos muitos políticos brasileiros que foram autuados por infrações contra o meio ambiente, e, ainda assim, foram reeleitos em suas cidades.
Conhecido como Pirica, Weder é um dos casos mais graves. Entre os prefeitos eleitos em 2020 que disputaram a reeleição, ele é o que tem a maior multa ambiental.
Segundo reportagem da Agência Pública , 69 prefeitos eleitos em 2020 foram multados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No total, eles somavam em torno de R$ 35 milhões, referente a infrações cometidas entre 2015 e 2024.
De acordo com o Ibama, Pirica ateou fogo em mais de 739 hectares de floresta amazônica nativa dentro da Terra Indígena Cachoeira Seca, no ano de 2019. Segundo dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a TI foi a terceira área indígena mais desmatada do país. Cachoeira Seca perdeu mais de 60 km² entre 2018 e 2019.
Novo Progresso
Em Novo Progresso, também no sudoeste Paraense, o atual prefeito Gelson Dill (MDB), conseguiu uma vitória acachapante: 81% dos votos.
Mas outro número também chama atenção na carreira do político: o valor das multas que ele possui, cujo montante corresponde a R$ 4 milhões apenas nos últimos dez anos, aplicadas pelo Ibama e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O prefeito foi acusado de destruir quase 200 hectares do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará.
Dill concorreu contra seu ex-aliado Juscelino Alves (Podemos). Em 2016, o atual prefeito fora eleito vice-prefeito de Alves, conhecido como Macarrão. Apesar de hoje serem adversários, ambos têm um histórico contrário ao meio ambiente. Macarrão acumula R$ 1,6 milhão de multas do Ibama e já foi indiciado pela Polícia Federal por garimpo ilegal envolvendo exploração de ouro em balsas de garimpo no Amazonas.
São Félix do Xingu
Em São Félix do Xingu, sudeste do Pará e sexto maior município em área do país, o atual prefeito, João Cleber De Souza Torres (MDB), perdeu para Fabrício Batista (Podemos).
João Cleber, como é conhecido, foi multado quatro vezes desde 2015, num total de R$ 2,7 milhões. Ele é pecuarista e foi multado por destruição de mata nativa e descumprimento de ordens do Ibama de não usar áreas embargadas.
Há menos de um ano, o seu afastamento chegou a ser pedido pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA), sob acusação de não cumprimento de ordem de consulta prévia a indígenas da Terra Apyterewa, considerada a terra indígena mais desmatada da Amazônia Legal e frequente alvo de madeireiros e pecuaristas ilegais.
Segundo o MPF, a gestão de Cleber estaria apoiando a ocupação irregular de áreas no interior da terra, não estaria encaminhando regularmente o licenciamento ambiental e o próprio prefeito estaria espalhando notícias falsas nas redes sociais da prefeitura e nas suas próprias, sobre as operações que tentavam retirar os invasores.
Cleber chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reduzir o território indígena. A Justiça então decidiu por não afastar o prefeito, mas foi proibido de se manifestar nas redes contra a operação.
Já o novo prefeito de São Félix do Xingu também tem histórico de multas ambientais. Fabrício Batista foi multado em R$ 2,2 milhões em 2014 por desmatamento no município vizinho de Altamira.
Durante o período eleitoral, na primeira semana de setembro, São Félix do Xingu foi o município com mais focos de incêndio no Brasil, segundo dados do Programa Queimadas, do Inpe.
Com informações de Agência Pública