Caso Helder Barbalho, atual governador pelo MDB e representante do clã político mais importante e poderoso do Pará, sofra derrotas eleitorais em Belém, para Edmilson Rodrigues PSOL, apoiado por Lula, e, em Ananindeua, para Daniel Santos do PSB, apoiado por Alckmin, terá inevitavelmente a sua capacidade de liderança colocada em dúvida junto à maioria dos seus aliados no interior do estado.
Estas duas derrotas são consideradas inaceitáveis dentro do atual governo do MDB paraense que, para além desta sigla é composto por um arco de alianças firmadas com o Centrão Papaxibé, partidos de aluguel altamente despertencidos de valores de eterna fidelidade, liderados por quadros mercenários e volúveis.
O núcleo duro do MDB, partido que controla o estado há década, está ciente, focado e trabalha a todo vapor para reverter e refrear a tendência de reorganização e o crescimento do campo político de esquerda, que andava adormecido, este representado pela chapa PSOL-PT na capital que sediará a COP-30, na certeza que, na outra ponta da disputa, tem musculatura e poder para controlar os fascistas em Belém.
Em Ananindeua, a batalha do MDB será mais difícil.
Miro Sanova, destacado pelo grupo do governador e quadro histórico do PDT, que foi desovado às pressas da Funtelpa – disputará a prefeitura de Ananindeua vestindo a camisa vermelha do PT, fruto de um arranjo a partir de uma manobra e indicação de última hora do senador Beto Faro, presidente estadual desta legenda. Largou muito tarde na disputa e não tem nada de concreto em nível de realizações para mostrar no imaginário da maioria da população.
Por conta disso, Sanova enfrentará os seus adversários no horário eleitoral da TV – inclusive o laranja Antônio Doido, uma espécie de padre Kelmon do MDB – fazendo o papel de Davi contra Golias, armado apenas com promessas, duelo desproporcional que Miro travará contra a azeitada maquina neo-liberal da istração municipal do bem sucedido empresário bilionário, Daniel Santos, aliado ao tucano e fazendeiro Manoel Pioneiro, abastado ex-prefeito tido por analistas ligados à UFPA como sendo o maior cabo eleitoral de Ananindeua. A dupla encontra-se fortemente apoiada em nível eleitoral por uma base popular meio provinciana, muito bem consolidada com quilômetros de conchavos e décadas de asfalto na frente dele, que conta com o aval massivo das principais organizações político-religiosas de inspiração neopentecostal, além de outros feudos conservadores de peso, ligados à área empresarial oportunista e pragmática.
Essas eleições de outubro, em caso de derrota nas duas principais cidades da região metropolitana de Belém, primeiro e segundo colégio eleitoral do Pará, respectivamente, pode impactar na campanha para a eleição da muito desconhecida candidata Hanna, indicada como sucessora do atual governador por ele próprio.
Este cenário factível pode representar o início do fim de um longo tempo de hegemonia política para o MDB barbalhita, organização muito articulada, com peso local e nacional, tido por muitos, como a ” espada de Jave ” com a ponta afiada no pescoço do PT e do Planalto, força política que nunca deixará de existir e influenciar no plano político estadual, federal…
Poderemos estar assistindo a partir do resultado de outubro, em janeiro de 2025, o início de um novo ciclo político, com possibilidades de alternativas de alternância de poder e chegada de coadjuvantes de outras forças, fatores que farão a diferença nas eleições para governador e presidência da República em 2026, onde Edmilson Rodrigues, ou Daniel, caso sejam reeleitos, poderão ser os indigestos nomes naturais a disputar o Palácio dos Despachos, provocando o desgosto do atual chefe de governo, Helder Barbalho, que luta ainda pra fazer a sua sucessora, onde onde o tempo para reversão é curto, ás vésperas da reunião mais importante das ONU na capital da Amazônia paraense, presságio de um desastre que tem tudo para ocorrer e que não estava nos planos dos Barbalhos.
Por Eduardo Bueres- ativista social