Depois que um vídeo da cantora gospel Aymée Rocha, denunciando suposto abuso sexual de crianças na ilha do Marajó, viralizou pelas redes sociais, uma ação coordenada de perfis ligados a extrema-direita começou a difundir mensagens que diziam “Salvem o Marajó” e “Justiça para nossas crianças”. Sem ouvir nenhuma das entidades que já atuam na região nem a população local, na verdade essa campanha supostamente tem outros objetivos. 

O escritor Ale Santos desvendou e publicou no twitter quem está por trás desse hoax, como chamamos no mundo digital, a tentativa de enganar um grupo de pessoas, fazendo-as acreditar que algo falso é real. Leia abaixo:

“Bora entender qual a relação da extrema-direita com o vídeo que viralizou da Aymée e o pânico que criam em torno do Marajó para enriquecer (mais ainda) uma franquia evangélica. Na foto é a cantora que “viralizou”com um pastor chamado Lucas Hayashi, líder da Zion Church, entre os trabalhos dessa igreja está exatamente o de coletar doações e fundos para “missões” de evangelização. A música da cantora reascendeu uma mobilização que favorece bastante essa igreja há anos, qual será o interesse econômico dessas missões no marajó?

A Zion Church é liderada por, Junia e Teófilo Hayashi dois pastores que transformaram suas igrejas em franquias milionárias que crescem muito nos últimos anos pleno.news/fe/junia-hayas Em 2022 estavam ganhando medalhas das mãos da Damares. Ambos participam do Fórum Evangélico Nacional de ação politica desde 2014. Na foto está o Téo, pastor famozinho do youtube que fundou esse movimento que ainda é base do bolsonarismo com a garotada. 

Aliás é em outro evento dessa franquia evangélica, The Send um evento que mistura nacionalismo com cristianismo importado dos EUA, que o Jair teria se “convertido para Cristo”.

Esse mesmo evento, The Send, tem ligações com aquele grupo de missionários (Jocum) que já chegou a ser expulso da região amazônica pelo Ministério Público e também já foi processado por fake news de intanticídio indígena. A outra Ong evangélica citada, Atini foi fundada pela Damares. A estratégia deles de espalhar terror e pintar os nativos como bárbaros selvagens que precisam de humanização é antiga (séculos, né?) ecodebate.com.br/2016/05/03/mpf
Aparentemente, desde o começo o projeto “Abrace o Marajó” tem relações com as “missões” da Zion Church. Aqui em 2022 ela deixou bem claro, quem é que estava na ilha “cuidando do nosso povo”. Deixar os orgãos, ministério público do estado, ongs regionais, cooperativas, polícia e toda estrutura do Estado do Pará cuidar do problema não dá grana e palco para os missionários de São Paulo. Espalhando o pânico as pessoas começam a acreditar que só um grupo pode salvar aquelas pobres almas, só as missões das Ongs evangélicas que recebem doações e fundos internacionais para seus projetos.

O que me chamou atenção foi a coordenação de grandes influenciadores que provavelmente receberam um briefing, uma pasta com imagens prontas e uma história sobre tráfico sexual no Marajó. Eles não questionaram, afinal, quem vai questionar a exploração sexual de crianças é um monstro.

É exatamente assim que as ongs evangélicas usam o pânico pra ganhar poder político usando temas sensíveis, inquestionáveis de modo que desarma o senso crítico e não faz você pensar de onde vem a informação e quem está ganhando espaço com ela. Será que todos “organicamente” estavam espalhando a música da cantora de um programa que não assistem, de uma bolha que não faz parte dos assuntos que eles lidam todo dia nas redes sociais, focados no próprio umbigo e de repente mobilizados. Eu duvido de viralização orgânica hoje em dia e tendo em vista esse contexto, tá mais pra estratégia de comunicação de alguma Ong Missionária mesmo.”

 

 

 

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