Foto: Mácio Ferreira/Ag. Belém
“Eu me dediquei cuidando dos meus filhos. E eu decidi estudar por conta deles. Ano ado iniciei os estudos, voltei esse ano porque eu prometi que iria concluir pra ter uma profissão e dar o melhor para os meus filhos. E hoje eu tô aqui feliz porque esse momento é uma conquista nossa”, contou emocionada a estudante da Ilha de Mosqueiro Juliana Trindade, 36 anos, na cerimônia de formatura de mais 287 estudantes que foram alfabetizados nas escolas que ofertam turmas na modalidade Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) e da formatura de mais 834 que concluíram o Ensino Fundamental também da Ejai, realizada nesta terça-feira, 12, no Hangar – Centro de Convenções
A cerimônia de certificação é a culminância de uma extensa programação de atividades no XX Diálogos dos Saberes, promovido nos dias 11 e 12, pela Prefeitura de Belém por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), para celebrar o ano letivo de 2023 na rede municipal de ensino.
Com a apresentação do Coral Nova Primavera, da Escola Municipal João Carlos Batista, composto por 25 estudantes da Ejai, os formandos aguardavam ansiosos o momento esperado para a formatura e a conclusão de mais uma fase da vida escolar.
“É uma felicidade na condição de professor e prefeito de Belém participar de um momento tão emocionante, que é ver jovens que se atrasaram um pouco por algum motivo na sua formação escolar e que, recebidos com carinho e a competência da Semec, estão hoje recebendo o seu diploma, concluindo o ensino fundamental. São jovens com muita energia e vontade de seguir em frente, de concluir o nível medio, fazer uma universidade e ajudar no desenvolvimento da nossa querida Belém. Viva a educação”, ressaltou o prefeito Edmilson Rodrigues ao participar da cerimônia de certificação.
Conhecimento é ferramenta para o futuro
A concluinte do ensino fundamental Juliana Trindade afirmou que essa conquista a levará a realizar outros sonhos: “Tenho planos para o próximo ano, que é concluir o ensino médio e iniciar a graduação técnica no curso de enfermagem”.
O estudante do 5° ano do ensino fundamental Davi Ezequiel dos Santos, 12 anos, estava empolgado ao ver a mãe Cristiane de Jesus dos Santos, 40, anos, concluir o ensino fundamental.
“Meu filho foi o meu maior incentivador pra terminar meus estudos, ele sempre dizia ‘mãe, vá para o colégio, a senhora também tem que estudar. A senhora não pode parar de estudar’. E fui, concluí e hoje ele tá aqui me acompanhando. Esse momento é ver que tudo valeu a pena em continuar com a força e a companhia do meu filho até a escola”, contou feliz Cristiane, que pretende “continuar a estudar e terminar o ensino médio”.
Qualificação
De acordo com secretária municipal de Educação (Semec) Araceli Lemos, os concluintes terão a possibilidade de realizar cursos profissionalizantes via parceria entre Prefeitura de Belém e Instituto Federal do Pará (IFPA). “O nosso trabalho vai continuar intenso em 2024 porque objetivo é avançar no processo da alfabetização em Belém”, afirmou Araceli.
Alfabetiza Belém
O Alfabetiza Belém é coordenado pela Secretaria Municipal de Educação (Semec) e foi instituído em fevereiro de 2021 para superar o analfabetismo com duas frentes de trabalho: primeiro, com turmas da Educação de Jovens, Adultos e Idosos nas escolas municipais; segundo, em espaços comunitários com o auxílio de instituições públicas e movimentos sociais.
O público-alvo do Programa são pessoas acima de 15 anos que por algum motivo nunca frequentaram a escola ou tiveram que abandonar os estudos. Com uma proposta diferenciada de promover uma educação pública de qualidade, socialmente referenciada e comprometida em superar o analfabetismo, a Prefeitura de Belém tem como referência a pedagogia de Paulo Freire, que em 1963 alfabetizou 300 trabalhadores rurais em 40 horas na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte.
A primeira experiência do Alfabetiza Belém foi em setembro de 2021, com 20 pessoas em situação de rua atendidas pelo Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), em Icoaraci, em parceria com a Fundação Papa João XXIII (Funpapa). A conquista da leitura e da escrita foi comemorada no dia 16 de dezembro do mesmo ano.
Direito à alfabetização
Em dezembro de 2022, o programa certificou mais duas turmas compostas por pessoas privadas de liberdade que aprenderam a ler e a escrever. Foram 16 pessoas do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC) e 31 do Centro de Recuperação de Icoaraci (CRI). Esta iniciativa tem parceria com a Secretaria Estadual de istração Penitenciária (Seap).
Além da modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos nas 38 escolas que acolhem o programa, há turmas em parceria com o Movimento Trabalhadores Sem Terra (MST) nos espaços comunitários no bairro do Guamá e na região das ilhas e nos distritos de Icoaraci, Mosqueiro e Outeiro. A partir da metodologia “Sim, eu posso!”, o MST fortalece a alfabetização na capital e proporciona novas experiências e ações sociais.