“Ou vai morrer gente de um lado, ou vai morrer gente de outro”. Foi assim que o deputado federal Delegado Caveira (PL-PA) se referiu à ação de desobstrução da Terra Indígena (TI) Apyterewa, em São Félix do Xingu (PA), conduzida pela Força Nacional de Segurança Pública.  As informações são do site De Olho nos Ruralistas.

Proferida na tribuna da Câmara, a incitação à violência foi publicada pelo paraense em suas redes sociais no dia 05 de outubro, três dias após o início da operação. “Eles vão ter que matar muita gente para desobstruir essa área pretensa indígena Apyterewa”, ameaçou o deputado.

A TI Apyterewa, onde vivem os Parakanã (autodenominados Awaeté), foi a área com maior índice de desmatamento nos últimos quatro anos no Pará, segundo levantamento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia (Imazon). Foram 324 km² de floresta destruídos, superior ao tamanho de Fortaleza.

O ataque histriônico de Caveira favorece alguns de seus principais doadores de campanha: os sócios da Frigol, quarto maior frigorífico do Brasil, com sede em Lençóis Paulista (SP). Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os fundadores Durval e Dorival Gonzaga de Oliveira, irmãos, e seus familiares Benedito Bento de Oliveira, Marisa Bento de Oliveira e Letícia Amélia de Oliveira — Letícia integra o Conselho de istração — doaram, cada um, R$ 2 mil ao candidato bolsonarista, totalizando R$ 10 mil.

Na última década, a empresa foi continuamente acusada de comprar gado de invasores da TI Apyterewa: dados do relatório “Boi pirata: a pecuária ilegal na Terra Indígena Apyterewa“, publicado no início do mês pelo Ministério Público Federal (MPF), apontam que o frigorífico adquiriu 501 cabeças de gado oriundas de quatro fazendas ilegais, segundo análise das Guias de Trânsito Animal (GTAs) emitidas entre 2012 e 2022. A última remessa direta à Frigol ocorreu em junho de 2015.

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