Comemorado anualmente em 27 de março, o Dia do Circo homenageia um entretenimento milenar, que encanta crianças e adultos. Os primeiros circos teriam surgido por volta do século III A.C, no Império Romano.

O dia 27 de março foi escolhido como Dia do Circo em homenagem ao palhaço brasileiro Abelardo Pinto, conhecido popularmente como Piolin, que nasceu nessa data, em 1897.

Piolin era considerado um grande palhaço, que se destacava pela enorme criatividade cômica e pela habilidade como ginasta e equilibrista.
Tornou-se mundialmente famoso e chegou a ser homenageado durante a Semana de Arte Moderna, de 1922.

Escola Circo

Em 1997, durante a primeira gestão do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, foi criada a Escola Circo. Através das aulas de práticas circenses, o projeto combateu a exploração do trabalho e outras formas de violação dos direitos de crianças e adolescentes à época.

A Escola Circo também ofereceu atividades extraclasses para alunos devidamente matriculados na rede pública de ensino e que podiam aprender a arte circense, como forma de exercício físico e motor, usando a arte como mecanismo lúdico.

O projeto Escola Circo, vinculado à Fundação Papa João XXIII (Funpapa), foi premiado no Brasil e no exterior pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Fundação Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), que reconheceram Edmilson Rodrigues como o Prefeito Criança e Amigo da Criança.

Formando cidadãos

De 1998 a 2005, a Escola Circo ajudou a formar cerca de 3 mil crianças. Um deles foi o filho de uma professora negra e viúva, que precisava trabalhar o dia todo para sustentar sua família.

Após as aulas, o menino Higor Palheta, então com 14 anos, ava o dia inteiro em casa, sem fazer nada. Diante das estatísticas sociais, poderia ser um alvo fácil para a crescente marginalidade  do final da década de 90 em Belém.

Até que um dia, no final de uma  aula na Escola Estadual General Gurjão, na Cidade Velha, a turma de Higor recebeu a visita de  uma equipe multidisciplinar da Funpapa.  O intuito dessa equipe era despertar nos adolescentes  a vontade de fazer parte das inúmeras atividades e cursos oferecidos pela instituição.

O inquieto Higor mal esperou terminar a aula  e foi correndo conhecer o que a Funpapa oferecia: pinturas, dança,  reciclagem,  arte, capoeira, serigrafia, e uma de suas principais atividades: um Polo da Escola Circo, que usava a área do antigo ” Forte do Castelo” para desenvolver as artes circenses.

Entre pernas de pau, cordas bambas e malabares, Higor decidiu participar ativamente da Escola Circo, onde ele ingressou no grupo dos palhaços. Isso além de integrar o grupo de danças folclóricas da Funpapa. Higor ou dois anos na Escola Circo.

De aprendiz de palhaço a professor concursado

Hoje com 36 anos, Higor Palheta é professor efetivo da rede pública de ensino e diretor de uma escola, em Ananindeua. O currículo do ex-aluno da Escola Circo é vasto.
Licenciado em Pedagogia, Filosofia e com habilitação em História e Ensino Religioso, Higor é ainda bacharel em Teologia e Direito, tem pós-graduação em Educação, Gestão Escolar e Direito e Processo Civil.

Além da vida acadêmica, ele é reverendo na Paróquia Anglicana de São Jorge,  na Cidade Velha, e  fundou o Instituto Casa de Maria, uma instituição social que atende crianças e adolescentes do bairro, em vulnerabilidade social.

” O circo é uma arte milenar, que atravessou povos, culturas, e faz parte da própria história da civilização.  A Escola Circo foi importante por ser um instrumento de valorização da pessoa e um incentivo a novos horizontes. Associar a beleza histórica do circo a um trabalho com essa tendência,  num contexto social, é favorecer a inserção de pessoas que vivem à margem da sociedade,  em uma visibilidade transformadora”, destaca o professor.

“A Escola Circo teve um papel fundamental na vida de muitas crianças no quesito desenvolvimento psicossocial, na disciplina, no incentivo a permanecer na escola. Foi uma arma no combate a evasão escolar, além, é claro, de proporcionar uma profissão aqueles que realmente buscaram essa vivência de trabalho para si”, pontua o ex-aluno da Escola.

Funpapa presente e atenta

Órgão responsável pela criação da Escola Circo, a Fundação Papa João XXIII (Funpapa) desenvolve atividades de amparo e proteção de populações que vivem em situação de risco pessoal e social causados pela pobreza, abandono ou isolamento familiar.

Na rede de atenção básica, a Funpapa continua oferecendo oficinas socioeducativas, realizadas nos Centros de Referência de Assistência Social /CRAS, que desenvolvem o serviço de convivência e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (SCFV). Entre os quatro ciclos de vida atendidos, está o da juventude, na faixa etária de 15 a 17 anos.

A Funpapa oferece também o apoio aos adolescentes  que se envolveram em atos infracionais, e se encontram em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à Comunidade.

Para a ampliação da rede de serviços, a Funpapa elaborou a minuta de um Projeto de Lei, para tratar da aprendizagem dos jovens atendidos pela Fundação de modo geral, o qual será encaminhado à Câmara Municipal para ser submetido à aprovação.

Recentemente houve de um Termo de Cooperação com a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará, para inclusão dos jovens no Polo Produtivo, executado pela Fábrica Esperança, onde receberão uma bolsa aprendizagem, no valor de R$500, por um período de 180 dias.

“Estamos bastante comprometidos em fazer valer a execução das políticas sociais de assistência social em Belém, visando a melhoria na qualidade de vida das famílias, e isso inclui o benefício aos adolescentes e jovens em situação de risco e vulnerabilidade social”, afirma o presidente da Funpapa, Alfredo Costa.

É a Escola Circo deixando pegadas. Na Belém de nova gestão oferecer caminhos continua sendo a melhor saída para enfrentar as desigualdades.

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